Ação do exército norte-americano localizou e matou na noite de domingo (1) Osama Bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda, responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA, que mataram cerca de 3.000 pessoas. O terrorista mais procurado do mundo foi encontrado na cidade de Abbotabad, próximo a Islamabad, capital do Paquistão.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, confirmou em pronunciamento na TV na madrugada de ontem a morte de Osama após ação de inteligência do Exército norte-americano em parceria com o governo do Paquistão, que localizou o terrorista, que tinha entre 53 e 54 anos, na semana passada.
VINGANÇA
Ontem pelo menos um grupo aliado à Al Qaeda, o Movimento dos Talebans do Paquistão (TTP), já confirmou que vai reagir à morte de Bin Laden.
“Se conheceu o martírio, vingaremos sua morte e lançaremos ataques contra os governos americano e paquistanês, assim como contra as forças de segurança, inimigos do islã”, disse o porta-voz do TTP, Ehsanullah Ehsan.
As forças de segurança os serviços de inteligência dos Estados Unidos vão redobrar sua vigilância devido às possibilidades de represálias de grupos ligados à Al Qaeda à morte do líder da rede terrorista, Osama Bin Laden.
“Ainda que Bin Laden esteja morto, a Al Qaeda não está”, disse o diretor da CIA, Leon Panetta, em um comunicado distribuído aos funcionários desse organismo.
Operação durou 40 minutos: quatro mortos, seis feridos
A caçada a Bin Laden foi um serviço rápido: em apenas 40 minutos, soldados chegaram de helicóptero à mansão de Abbottabad e invadiram a mansão.
Quatro helicópteros americanos decolaram da cidade de Ghazi. Quando chegaram à região da mansão, homens subiram ao terraço e dispararam foguetes. Houve explosões, mas foi confirmado que somente um dos helicópteros pousou por problemas mecânicos.
O passo-a-passo da operação ainda não foi esclarecido. Sabe-se que as tropas invadiram a mansão e houve trocas de tiros. Bin Laden teria resistido ao ataque, mas acabou morto com um tiro na cabeça.
Na operação também morreu o mensageiro que possibilitou a operação, além de um irmão e um filho de Bin Laden. Uma mulher também teria morrido. Quatro crianças e duas mulheres foram levadas em uma ambulância. Após a operação, o helicóptero danificado foi destruído pelos soldados norte-americanos.
Bin Laden foi reconhecido por meio de seu rosto e teve seu corpo posto num helicóptero e levado embora do local. Pouco depois, o líder da Al-Qaeda e maior procurado pelo governo americano, foi sepultado no mar. A localização não foi informada.
Corpo do terrorista foi lançado ao mar
John Brennan, assessor de segurança nacional do presidente americano, disse ontem que o corpo de Osama Bin Laden foi lançado ao mar seguindo as tradições islâmicas. O local não foi divulgado. Brennan, não quis dar detalhes da cerimônia e de quem esteve presente. Questionado sobre detalhes como o lençol branco no qual o corpo é enrolado, ou a presença de um imame (ministro da religião islâmica), o assessor do presidente Barack Obama reiterou apenas que as tradições islâmicas foram seguidas.
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Bin Laden foi morto com um tiro de um dos cerca de 20 militares da Marinha dos Estados Unidos que invadiram, em helicópteros, sua mansão de alta segurança em Abbottabad, cidade a cerca de 50 km da capital paquistanesa.
Ação foi ‘catastrófica’, relata especialista
Uma operação catastrófica, mal divulgada, mal conduzida, abusiva e que causou muito desagrado ao mundo árabe. Esta é a avaliação feita pelo pesquisador do laboratório de estudos do tempo presente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Daniel Chaves sobre a operação norte-americana que terminou com a morte do líder do grupo terrorista Al-Qaeda.
O pesquisador lembra que a operação terá um forte apelo eleitoral. Isso porque os Estados Unidos estão em guerra com países do mundo árabe desde o episódio que ficou conhecido como 11/09. O anúncio feito pelo presidente Obama, para Daniel Chaves, vai alavancar a popularidade do chefe de estado norte-americano, que busca a reeleição no pleito do ano que vem. O especialista em estudos do tempo presente da UFRJ alerta, ainda, para a possibilidade de haver retaliações aos americanos daqui para frente.
Terrorista tentou se proteger usando mulher como escudo
Uma mulher foi usada como escudo humano pelo líder da al-Qaeda, Osama Bin Laden, durante a ação que resultou em sua morte. “Havia uma mulher que estava na linha de fogo que foi usada como escudo humano para proteger Bin Laden dos ataques que se aproximavam”, disse John Brennan, um dos principais assessores da Casa Branca sobre segurança e ações antiterrorismo. Segundo ele, a mulher foi morta na operação. Segundo o assessor, Bin Laden estava armado e foi morto durante uma troca de tiros com as forças americanas. “Ele estava no meio da troca de tiros”, disse Brennan.
O assessor da Presidência disse ainda que é possível afirmar “com 99.9% de certeza” que o homem morto numa mansão fortificada no Paquistão é Bin Laden e que documentos encontrados no local estão sendo examinados. No entanto, na noite de ontem, governo norte-americano revelou que DNA comprovará a identidade do terrorista.
De acordo com Brennan, o sepultamento de Bin Laden foi realizado de acordo com os requisitos das leis islâmicas. Antes do pronunciamento de Brennan, o presidente Barack Obama disse que o mundo está mais seguro após a morte do líder da al-Qaeda, Osama Bin Laden, em um ataque de forças norte-americanas no Paquistão.
Centenas protestam contra a morte
Centenas de manifestantes foram às ruas da cidade paquistanesa de Quetta ontem protestar contra a morte de Osama Bin Laden. A manifestação foi organizada pelo partido Jamiat Ulema-i-Islam-Nazaryati (JUI-N).
Os manifestantes gritaram slogans de apoio ao Taleban e queimaram uma bandeira americana. Testemunhas calculam que cerca de 800 pessoas participaram do protesto.
O Taleban paquistanês prometeu organizar mais ataques no país em represália à morte de Bin Laden. Os Estados Unidos fecharam temporariamente sua embaixada em Islamabad, assim como consulados nas cidades paquistanesas de Lahore, Karachi e Peshawar, para evitar possíveis atos de violência.